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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Algumas dificuldades de português

Bastante ou Bastantes?

 As duas formas existem.

 "Bastante", que é advérbio (invariável), e

 "bastante" que é adjetivo (variável).



Se a palavra puder ser trocada por "muitos" ou "muitas", vai para o plural (bastantes).

Se puder ser trocada apenas por "muito", fica no singular (bastante).
Exemplos: Hoje estou bastante (muito) satisfeito com seu trabalho.

Os alunos são bastante (muito) aplicados.

 Neste bimestre você conseguiu bastantes (muitas) notas boas.

 Meu candidato conseguiu bastantes (muitos) votos.
 Este, Esse ou Aquele. Este é um pronome demonstrativo que se refere a um ser que está próximo do falante.

Este livro que estou folheando é muito bom.

Este computador com que estou trabalhando é extremamente rápido.

Este, na verdade, sempre se refere a seres, datas ou tempo próximos

Nesta semana estou trabalhando com crianças menores.(Refere-se à semana em que estamos).

Neste século aconteceram coisas fantásticas.(Refere-se ao século em que estamos).

Esse é também um pronome demonstrativo que, normalmente, se refere a um ser que está próximo da pessoa com quem se fala, ou se refere a um fato próximo de hoje. Essa caneta com que você escreve é boa.

2006 foi um ano muito bom; nesse ano consegui guardar um dinheiro.

 Aquele se refere a um objeto ou fato distantes.

 Aquele pessoal lá do fundo está conversando muito. Em 1964 aconteceu no Brasil um golpe.

 Naquele ano os militares tomaram o poder.

Quando, ao escrevermos ou falarmos, referimos o nome de dois ou mais seres, os pronomes usados para, em seguida, nos referirmos a eles, são este e aquele.

Ex:

Gula e Temperança são antônimos. Esta (temperança) é virtude; aquela (gula), é vício.

Pedro e João viajaram. Este (João) foi ao Japão; aquele (Pedro), à Alemanha. Note que este se refere ao que foi dito por último. Aquele se refere ao que foi dito por primeiro.

Mal e Mau A palavra mal é substantivo ou advérbio. Seu contrário é bem, que também é substantivo ou advérbio.

A palavra mau é adjetivo. Seu contrário é bom, que também é adjetivo. Para se saber o uso correto, é só procurar o contrário.

Exemplos: Você fez um mau (bom) negócio. A inveja é um mal (bem) muito grande. Meu amigo agiu mal (bem).

 Meio e Meia Meio é um numeral, que significa metade; seu feminino é meia.

Meio é também um advérbio, que significa mais ou menos, um pouco.

EX:

Estou meio(= mais ou menos)cansada - disse Maria.

Comprei meia(metade de) melancia.

Obs: Note que a palavra meio, quando advérbio, não tem feminino, nem plural. Se o significado é "metade de", tanto meio, como meia têm plural.

 Menos ou Menas?

 Jamais use a palavra menas, pois ela não existe em nossa língua.

 Tenho menos chances que você.

 Minha cidade tem menos gente que a sua. "

 Onde", como pronome relativo

Um dos erros mais comuns, tanto quando se fala como quando se escreve, é o uso do pronome relativo "onde", não se referindo a lugar.

 Meu time jogou ontem, onde marcou dois gols. Observe que o "onde" se refere à palavra "ontem" que significa tempo. O correto, portanto, é dizer: Meu time jogou ontem, quando fez dois gols.

Mesmo na seguinte oração: Meu time foi muito bem no jogo de ontem, onde fez dois gols. Aqui o "onde" se refere à palavra jogo, que também não indica lugar. O correto é dizer: Meu time foi bem no jogo de ontem, em que fez dois gols.

Onde ou Aonde Aonde sempre indica idéia de movimento. É o oposto de de onde ou donde. Refere-se, portanto, apenas a verbos que indicam movimento.

Exemplos: Aonde você vai? Donde você vem? Aonde o governo quer chegar, ao não investir em educação?

Onde refere-se a lugares. Está junto a verbos que indicam permanência.

 Exemplos: Onde nós estamos agora? Não sei onde procurar material para este trabalho. Especifique bem os lugares onde você ficará nas férias. "

Porquês" Porque é usado quando indica uma causa, motivo. Na linguagem coloquial(do dia-a-dia), há pessoas que, em vez de dizerem "porque", dizem "por causa que". É exatamente ali que reside a explicação do uso dele. Usa-se "porque", sempre que no meio dele puder ser incluída a palavra causa.

Exemplos: Gosto de você, porque(por causa que) você é legal.

Leio muito, porque(por causa que) o livro abre as portas do mundo.

Porquê é usado sempre que ele for sinônimo de causa, motivo, razão. Pode ir para o plural. Pode ter algum qualificativo(algum porquê, muitos porquês).

Exemplos: Você não falou o porquê(motivo, causa, razão) de sua recusa.

Há muitos porquês(causas) para os quais não encontramos explicações.

 Por que usa-se quando for uma pergunta direta ou indireta. Na prática, sempre pode ser seguido da palavra motivo, causa, razão, ou pode ser substituído por pelo qual, pela qual, pelos quais ou pelas quais.

Exemplos: Por que você não estudou as lições(por que motivo)?

 Não posso dizer-lhe por que recusei o convite(por que motivo).

Os caminhos por que ando são íngremes(pelos quais).

Por quê Pelos mesmos motivos do anterior, apenas que ele deve estar em final de frase. Lembre-se: deve ser pergunta direta ou indireta.

 Exemplos: Você não veio por quê?(Você não veio por que motivo).

O Brasil é um país em desenvolvimento. Diga-me por quê.(Diga-me por que motivo).

Ao invés de e Em vez de - Invés é uma variante de inverso; por isso, a locução ao invés de só é empregada quando significar oposição, "ao contrário de".

Em vez de é usado quando o significado é de troca ou de substituição.

Exemplos: Ao invés de fazer a empresa prosperar, ele a fez falir.

Em vez de ir de ônibus, ele foi a pé ao centro da cidade.

Eu ou Mim - Grande dificuldade parece ser o emprego do pronome pessoal reto "eu" e o pronome pessoal oblíquo "mim". Importante lembrar que o pronome "eu" só é empregado como sujeito. Se a oração tem um verbo cujo sujeito seja o pronome relativo ao falante(1ª. pessoa), certamente será o pronome "eu".

Exemplos: Você pediu para eu trazer os livros hoje.

Para eu entrar neste negócio, só se eu tivesse mais dinheiro.

Ela entregou o presente para mim.

Entre mim e você existe muita semelhança.

Sempre houve muita integração entre mim e o professor.

NOTE: quando a relação for entre um outra pessoa e a primeira(eu), jamais use o pronome "eu". Sempre será "mim".

Outro exemplo, em que a vírgula modifica o sentido: Para mim, fazer este exercício, é muito fácil. Ou seja: Fazer este exercício é muito fácil para mim.

Consigo(pronome reflexivo) - O pronome consigo, ao contrário de outros pronomes oblíquos, só é usado quando for reflexivo.

Ela vai comigo(aqui estão a 3ª. pessoa(ela) e a primeira(comigo).

Eu vou contigo(aqui estão a 1ª. pessoa(eu) e a segunda (contigo).

Com o pronome consigo, isso não acontece: não pode haver, na frase, duas pessoas diferentes. Deve ser apenas a 3ª. pessoa, portanto, ele deve ser reflexivo.

Exemplos: Maria trouxe consigo todos os livros solicitados. O Presidente foi à França e consigo levou duzentos acompanhantes. ERRADO: Venha cá, preciso falar consigo.É errado, porque são duas pessoas diferentes(você e eu). CERTO: Venha cá, preciso falar com você.


Dicas para escrever

Para que seu texto ganhe em clareza, coesão, coerência, objetividade, qualidades fundamentais em um texto, seja qual for a sua natureza, um dos princípios básicos é deixar que ele amadureça antes de publicá-lo. Após, como último passo, é imprescindível a intervenção de um bom revisor.

Aqui vão 5 dicas que julgamos interessantes:

  1. Coloque no papel: além de ser mais fácil para ler, uma revisão completa, do início ao fim do texto, acaba sendo mais fácil de fazer se você não estiver lendo na própria tela do editor de texto, onde a tentação de interromper a leitura para fazer uma modificação imediata qualquer é muito grande, podendo arruinar o contexto que você precisa formar em sua mente. Imprima em papel rascunho e modo econômico, e use uma caneta para destacar os trechos que precisam de correção;
  2. Vá do começo ao fim: comece na primeira linha e vá até o final, colocando cada palavra em seu contexto. Resista à tentação de pular trechos em que você acha que não há erros – em geral é justamente ali que eles se escondem;
  3. Não apague versões intermediárias: vá salvando seu documento sempre com novos nomes, ou numeração de versões – assim você sempre poderá mudar de ideia e voltar atrás, buscando novamente um trecho que havia suprimido ou suprimindo algum que tenha deixa, e julgue melhor retirar;
  4. Não se apegue ao material: às vezes você não conseguirá salvar justamente aquele trecho que deu mais trabalho em pesquisar, ou mais prazer em compor. Conforme-se, não fique tentando dar um jeito de forçar a permanência de uma parte que não se encaixa. Guarde em um outro arquivo e tente usar em um trabalho futuro, ou mesmo compor um novo trabalho a partir desse trecho;
  5. Se necessário, reescreva: se um capítulo está muito abaixo do seu nível de qualidade, ou se o artigo ficou sem pé nem cabeça, às vezes é melhor reescrevê-lo do zero do que tentar consertar.

Dicas para Revisores de Texto

No exercício de suas funções, o profissional de revisão está (e estará sempre) sujeito a situações que desafiam seus conhecimentos, algumas das quais podem levá-lo a se aprofundar no estudo teórico da matéria de seu ofício, outras a se aproximar do conhecimento de mundo que permeia a vida do autor do texto que deve revisar, de modo a melhor se habilitar para a realização de tal trabalho.

O profissional de revisão deve se manter sempre atento a mudanças na forma de uso da língua; a reforma ortográfica é um caso relevante, que exige atualização de todos os usuários da língua, sobretudo dos profissionais ligados á produção e á revisão de textos.

Ao revisor, antes de tudo, cabe entender que seu trabalho, embora de grande importância, não tem a função de substituir ou mesmo de refazer o texto de seu cliente, e, por isso, deve ser realizado com moderação, considerando sempre a decisão do autor.

Pensando nessa questão, resolvemos apresentar aqui algumas dicas de revisão:

·               Diante de um texto que apresente incorreções acerca das normas ortográficas e gramaticais, proceder às devidas correções, apontando para o autor as razões que as justifiquem;

·               Quando o trabalho encomendado versar sobre matéria em que for leigo, deve o revisor consultar fontes que auxiliem sua compreensão, bem como conferir com o autor quanto á pertinência e a forma de apresentação de algum termo que lhe soar estranho;

·               Textos publicitários ou artísticos exigem ainda maior proximidade com o autor. Neles, o que, a priori, possa parecer ser um erro, pode, na verdade, representar uma jogada de mestre, o pulo do gato, o estilo em função do objetivo do autor. Como revisar, por exemplo, as músicas do saudoso Adoniran Barbosa? Qual a intervenção possível para a seguinte letra, uma das mais singelas de seu rico repertório:

  
As mariposa

As mariposa quando chega o frio

Ficam dando vorta em vorta da lâmpida pra se esquentar

Elas roda, roda, roda e depois se senta

Nos prato da lâmpida pra descansar...



E, então, como agir diante de uma matéria dessa natureza? Sair endireitando o texto, ajustando a concordância e a ortografia? Creio não ser o caso. O que parece erro, aqui, é parte do estilo, do modo de usar a língua como meio de expressão artística, o que fez de Adoniran (que ainda é) um dos compositores mais criativos da MPB

Expressões interessantes

Expressões interessantes
Retiradas dos livros didáticos de Douglas Tufano

Amarrar a cara
Significa zangar-se, ficar contrariado, fechar a cara. Exemplo: Depois de ter sido surpreendida pelo professor, ela amarrou a cara até o fim da aula.

Bafo de onça
O bafo de onça é uma coisa horrível. Dá impressão de que a pessoa não escova os dentes ou tem um monte de cáries. E para chegar àquele gato fica muito complicado devido ao mau hálito. Beijar, então, nem pensar. A onça é animal carnívoro e se lambuza na hora de comer a caça, por isso fede muito e sua presença é detectada à distância na mata. Essa informação é de meu filho, Hélder Nagai Consolaro, biólogo, mas não fui constatar se é verdade, nem desejo, pois tenho medo de onça. Devido a isso, o hálito fétido passou a se chamar popularmente de bafo de onça. Que significa também o hálito de quem está (ou esteve) alcoolizado. Mais uma expressão do mundo rural que é usada no mundo urbano. (Autor da pesquisa: Hélio Consolaro)

Cair como um patinho.
Significa ser totalmente enganado.
Exemplo: Ele caiu como um patinho naquela armadilha.

Cara de quem comeu e não gostou
Tem o sentido de cara que expressa irritação ou mesmo mau-humor. Exemplo: Seus planos não deram certo e ele chegou em casa com cara de quem comeu e não gostou.

Catar milho
Diz um anúncio de software: "Catar milho, olhar para o teclado é tudo coisa do passado". Que quer dizer a expressão "catar milho"? Segundo o dicionário Aurélio, ela significa datilografar, digitar muito vagarosamente.

As expressões populares não têm autor, surgem na dinâmica da língua. De repente, se tornam moda e ficam. Quando não havia a mídia globalizante, tais expressões tinham caráter regional. Ainda hoje persistem alguns regionalismos, mas com menos freqüência.

Na sociedade de consumo, massificante, as expressões populares têm outro criadouro. Basta um ídolo usar uma expressão na tevê que se torna logo de domínio público.

A expressão catar milho mostra a influência do mundo rural no urbano. Milho aqui está no lugar de grão: grão de milho, que é parte da espiga.

Se alguns grãos caem no chão, se esparramam, cata-se um por um, como as galinhas fazem com o bico no terreiro quando se joga milho para elas.

Catar milho tem um sentido metafórico, porque datilografar ou digitar lentamente, com um dedo só de cada mão, próprio de quem não fez curso para adquirir agilidade nessa tarefa, é semelhante ao ato de catar cada grão de milho no chão.(Autor da pesquisa: Hélio Consolaro)

Chorar de barriga cheia
Reclamar sem motivo, pois já conseguiu o que queria. Exemplo: Você já ganhou os presentes que queria, portanto pare de reclamar, pare de chorar de barriga cheia.

Com o rabo entre as pernastem o sentido de estar humilhado, envergonhado, como um cachorro que é enxotado de algum lugar. Exemplo: Ele foi advertido na frente de todos por ter feito o que não devia e saiu da sala com o rabo entre as pernas.

Dar as caras
Significa aparecer. Exemplo: Faz muito tempo que ele não dá as caras por aqui.

Dar com os burros n'água.
Sair-se mal, fracassar. Exemplo: Ele quis bancar o espertinho e acabou dando com os burros n'água. Bem feito!

Dar com as línguas nos dentes
Revelar um segredo, falar o que não devia. Exemplo: Eu disse que não podíamos confiar naquele sujeito! Ele deu com a língua nos dentes e contou a outras pessoas o nosso plano.

Dar o braço a torcer
Significa reconhecer um erro ou uma derrota. Exemplo: Ele não tem razão nesse caso mas não quer dar o braço a torcer.

Dar com o pau
Fugir. Ou pode também ser "em abundância". O pau figura em várias expressões. Figura "a dar com o pau". A origem vem dos navios negreiros. Os negros preferiam não comer par morrer durante a travessia. Então foi criado o "pau de comer", que era atravessado na boca dos escravos e os marinheiros jogavam sopa e angu lá dentro "a dar com o pau".


Dizer cobras e lagartos
Significa dizer coisas que ofendem outra pessoa. Exemplo: Ele ficou nervoso e disse cobras e lagartos de seu chefe.

Dormir no ponto
Quer dizer descuidar-se, não agir na hora certa. Taxista que dorme no ponto perde corrida. Exemplo: Ele dormiu no ponto, perdendo a oportunidade de fazer um bom negócio.

Ficar de olho
Significa vigiar. Exemplo: Fique de olho naquele sujeito e me avise quando ele sair do bar.

Ficar de queixo caído
Significa ficar muito admirado. Exemplo: Ele ficou de queixo caído quando viu o espetáculo. Nunca tinha visto nada tão bonito.


Ir por água abaixo
Não dar certo, falhar. Exemplo: Nossos planos foram por água abaixo.

Não dar ponto sem nó
Tem o sentido de fazer alguma coisa sempre pensando em tirar proveito pessoal, fazer algo com segunda intenção. Exemplo: Ele é interesseiro, só faz o que pode lhe trazer vantagem; ele não dá ponto sem nó.

Pagar na mesma moeda
Fazer a uma pessoa o mesmo que ela nos fez. Exemplo: Ele sempre me recebeu muito bem em sua casa, por isso devo pagar na mesma moeda e recebê-lo bem em minha casa.

Pagar o pato
Significa fazer o papel de tolo, pagando por aquilo que não deve. Exemplo: Ele não participou da briga mas, no fim, pagou o pato: foi o único homem preso pela polícia.

Quebrar o galho significa dar um jeito pra resolver um problema ou uma situação complicada. Exemplo: Ele não tinha convite para a festa, mas o porteiro quebrou o galho, deixando-o entrar pela porta dos fundos.

Querer sombra e água fresca.
Significa querer uma vida despreocupada, sem trabalho. Exemplo: Esse sujeito é malandro, só quer sombra e água fresca.

Querer tapar o sol com a peneira
Significa querer esconder o que todos estão vendo. Exemplo: Não adianta querer tapar o sol com a peneira; todos já perceberam que vocês dois estão apaixonados.

Sair o tiro pela culatra
Significa que a intenção de prejudicar alguém volta-se contra o próprio autor. Exemplo: Ele fez isso pensando em enganar os outros e, no fim, o único prejudicado foi ele mesmo. O tiro saiu pela culatra!

Tirar a barriga da miséria
O leitor Nélson de Souza contou-me num rápido encontro de rua que viveu uma situação de constrangimento quando convidou seu amigo e família para almoçarem em sua casa num certo domingo.
Quando tudo estava posto, depois de tomar algumas cervejas, o anfitrião disse, todo satisfeito:
- Gente, a mesa está posta. Venham tirar a barriga da miséria!
O visitante, irritado, respondeu:
- Em casa, nós comemos muito bem! Ninguém é mendigo, nem veio esmolar!
A família visitante quase deixou o almoço na mesa, não chegou a tanto, mas a gostosa comida, feita com muito carinho, quase não descia.
O visitante agiu com muito rigor, foi ríspido. Tirar a barriga da miséria, conforme o dicionário Houaiss, quer dizer aproveitar com muito prazer alguma coisa de que até então carecia, nada a ver com Fome Zero e mendicância.

Tomar chá de sumiço
Tem o sentido de desaparecer de um lugar que se costumava freqüentar, sem dar notícia. Exemplo: Quando percebeu que a polícia estava atrás dele, o sujeito tomou chá de sumiço.


Erros comuns em redação

01. "Fazem" cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias
 
02. "Mal cheiro", "mau-humorado". Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.
 
03. "Houveram" muitos acidentes. Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos iguais.

04. "Existe" muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. / Sobravam idéias.
 
05. Para "mim" fazer. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.

06. Entre "eu" e você. Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti.

07. "Há" dez anos "atrás". Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.
 
08. "Venda à prazo". Não existe crase antes de palavra masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.

09. "Porque" você foi? Sempre que estiver clara ou implícita a palavra razão, use por que separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por que razão você se atrasou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou porque o trânsito estava congestionado.
 
10. Vai assistir "o" jogo hoje. Assistir como presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. Outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou) à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes.
 
11. Preferia ir "do que" ficar. Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. É preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer sem glória.

12. O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa com vírgula o sujeito do predicado. Assim: O resultado do jogo não o abateu. Outro erro: O prefeito prometeu, novas denúncias. Não existe o sinal entre o predicado e o complemento: O prefeito prometeu novas denúncias.

13. Não há regra sem "excessão". O certo é exceção. Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma correta: "paralizar" (paralisar), "beneficiente" (beneficente), "xuxu" (chuchu), "previlégio" (privilégio), "vultuoso" (vultoso), "cincoenta" (cinqüenta), "zuar" (zoar), "frustado" (frustrado), "calcáreo" (calcário), "advinhar" (adivinhar), "benvindo" (bem-vindo), "ascenção" (ascensão), "pixar" (pichar), "impecilho" (empecilho), "envólucro" (invólucro).

14. Quebrou "o" óculos. Concordância no plural: os óculos, meus óculos. Da mesma forma: Meus parabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.

15. Comprei "ele" para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto. Assim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a, mandou-me.
 
16. Nunca "lhe" vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e a vocês e por isso não pode ser usado com objeto direto: Nunca o vi. / Não o convidei. / A mulher o deixou. / Ela o ama.

17. "Aluga-se" casas. O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se empregados.

18. "Tratam-se" de. O verbo seguido de preposição não varia nesses casos: Trata-se dos melhores profissionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se para todos. / Conta-se com os amigos.

19. Chegou "em" São Paulo. Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo.

20. Atraso implicará "em" punição. Implicar é direto no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.

21. Vive "às custas" do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use também em via de, e não "em vias de": Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de conclusão.

22. Todos somos "cidadões". O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres.
 
23. O ingresso é "gratuíto". A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.

24. A última "seção" de cinema. Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.
 
25. Vendeu "uma" grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc.

26. "Porisso". Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de.
 
27. Não viu "qualquer" risco. É nenhum, e não "qualquer", que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confusão.

29. A feira "inicia" amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã.

29. Soube que os homens "feriram-se". O que atrai o pronome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou... O mesmo ocorre com as negativas, as conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto... / Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.

Gêneros Textuais e sua dinâmica

Organizam-se em gêneros tanto os textos produzidos nas situações mais básicas da comunicação (notícias, e-mails, telegramas, manuais, crônicas, etc.), quanto os textos literários, aqueles que se utilizam dos recursos expressivos da linguagem literária, em geral, com uma linguagem mais pessoal e carregada de emoções e valores.

A formação de um gênero textual é influenciada pela função a ser desempenhada, pelo público a que se propõe alcançar, pela mensagem a ser transmitida, enfim, pelo contexto em que é estruturado. Assim, cada gênero comporta variações características em sua coesão textual, na coerência entre seus elementos, na impessoalidade, e na utilização de recursos como a conotação e a denotação da linguagem.

Compreender as nuances de cada um dos gêneros textuais é essencial à própria compreensão da dinâmica da linguagem em si de maneira crítica, associando-a às relações sociais que a envolvem. Vejamos então as características de alguns dos principais gêneros textuais da nossa língua:
 
O TEXTO ARGUMENTATIVO

Este gênero guarda o espaço para a expressão da opinião do autor sobre determinado assunto. Na apresentação das idéias, o autor pode se colocar de maneira direta e pessoal, utilizando-se para tanto do discurso em 1ª pessoa e de expressões introdutórias que exprimem opiniões pessoais, como “na minha opinião”, “penso que”, etc.. Poderá manifestar-se ainda de maneira impessoal, fazendo uso da 3ª pessoa no discurso e de expressões como “convém lembrar”, “é provável que”, etc.

Em geral, os textos argumentativos apresentam três partes essenciais: a introdução, em que é apresentada a idéia principal a ser trabalhada no texto; o desenvolvimento, em que o autor apresenta os argumentos que fundamentam o ponto de vista defendido e a conclusão, em que se confirma e retoma a idéia principal apresentada.

O TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO

É o gênero textual mais cobrado nos vestibulares e exames do país. A avaliação geralmente paira não só sobre o vocabulário do autor e as idéias expostas, mas também em torno da sua capacidade de concatená-las logicamente e da maneira como utiliza as palavras e seus sentidos.

No texto dissertativo, o autor discorre sobre determinado tema explicando-o. Em geral, a dissertação está relacionada com a transmissão de conhecimento e não com a persuasão sobre um ponto de vista. De outro lado se encontram os textos argumentativos que, como foi visto, visam primordialmente a defesa de uma opinião. O texto dissertativo-argumentativo é aquele que, além de trazer informações e explicações sobre determinado assunto, traz também o posicionamento do autor no sentido de persuadir o interlocutor.

Assim como os textos argumentativos, convencionalmente, dividem-se em três partes (introdução, desenvolvimento e conclusão). Há o predomínio da liguagem clara, objetiva e impessoal apresentada com o uso do padrão culto e formal.

A NOTÍCIA E A REPORTAGEM

A notícia é um gênero tipicamente jornalístico que tem a função de informar sobre um novo acontecimento despertando o interesse do público alvo da mensagem. Não se limita a informar sobre o fato, mas também sobre a maneira como aconteceu e o seu porquê. Em geral, divide-se em duas partes: o lead, que resume em poucas linhas as infromações essenciais sobre o fato (o quê, como, onde, com quem, por quê...), e o corpo, em que se faz o detalhamento do fato. A linguagem deve ser objetiva clara e direta e a abordagem imparcial, expondo-se fatos ao invés de opiniões.

A reportagem, por sua vez, vai além da notícia, trazendo em seu corpo não só o detalhamento do fato, mas também a análise de fatos correlatos e o aprofundamento sobre os impactos do acontecido. Embora utilize-se, como na notícia, a linguagem impessoal, na reportagem quase sempre é possível perceber a opinião ou a interpretação do repórter sobre o assunto. No desenvolvimento da reprtagem, podem ainda aparecer variadas opiniões sobre o tema tratado, proporcionando-se uma visão mais abrangente.

O TEXTO PUBLICITÁRIO

É um tipo de texto argumentativo construído para persuadir e seduzir o interlocutor. Para tanto, utiliza-se, na maioria das vezes, tanto da linguagem verbal, quanto da linguagem visual que apontam para as eventuais vantagens no consumo de determinado produto. A linguagem utilizada pode variar de acordo com o público alvo, mas é quase sempre direta, clara e enxuta, marcada pelo uso da função apelativa, trocadilhos, jogos de palavras, metonímias, metáforas e da ambiguidade.


A CRÍTICA

Geralmente, aparece em jornais e revistas e destina-se à análise qualitativa de um objeto cultural (livro, filme, peça, show, etc.), sobre o qual também é apesentado um conjunto de informações. Este gênero textual também pode ser chamado de resenha crítica e é essencialmente argumentativo. Apresentando os pontos positivos de uma obra, o autor em geral visa convencer o leitor sobre o seu ponto de vista. A forma da crítica é bastante livre e elementos como a impessoalidade e o vocabulário adotado podem variar de acordo com o público a que é destinada.

A CRÔNICA 

Este é um gênero textual híbrido, que oscila entre elementos jornalísticos e literários. Surgida no Brasil há cerca de 150 anos com o desenvolvimento da imprensa, a crônica aparece entre as notícias jornalísticas inspirada no dia-a-dia, tanto pelos temas cotidianos, quanto pela linguagem livre e despojada. Opondo-se à objetividade e à impessoalidade do texto jornalístico, a crônica é marcada pela subjetividade do autor.

Apresenta-se em geral em um texto leve e curto, com espaço e tempo limitados e com poucas personagens. A narrativa pode aparecer em 1ª ou 3ª pessoa e com a utilização de recursos poéticos, de humor ou de ironia.


O POEMA

 É uma forma de composição textual marcada pela utilização do verso, cada verso corresponde em geral a uma linha do poema e o agrupamento de versos é chamado de estrofe. O texto poético é construído com a utilização de recursos como a rima, a métrica e o ritmo, no sentido de sugerir formas, imagens e sons. Há na poesia o predomínio da função poética, que explora o sentido conotativo da linguagem, privilegiando, desta forma, uma multiplicidade de leituras e interpretações.

É um dos gêneros mais antigos que acompanha as variações nas concepções de arte e nas formas de expressão artística. Assim, o conceito de poesia varia de acordo com cada movimento literário, mas pode-se dizer que a poesia mora em toda parte, permeando desde provérbios, até músicas e propagandas.


O ROMANCE 

É um dos gêneros narrativos mais utilizados na produção literária brasileira, tendo ganhado força principalmente a partir do século XIX. Em geral, apresenta a narrativa de uma trama com diversos personagens desenvolvida em tempo e espaço amplos. Comumente associado ao Romantismo, por ser uma das principais formas de expressão do movimento, também apareceu com muita força em diversos outros movimentos literários, oferecendo, por exemplo, o espaço ideal para que se desenvolvessem as críticas e análises sociais típicas do Realismo e do Naturalismo. 

Mais sobre pontuação

Adjunto adnominal e adverbial x pontuação

O adjunto adnominal determina ou caracteriza um substantivo, independentemente da função que este exerce na oração.
Normalmente, o adjunto adnominal é representado por uma artigo, um pronome adjetivo, um numeral, um adjetivo ou locução adjetiva ou uma oração com a função de adjetivo. ( oração subordinada adjetiva)

“A dor que se dissimula dói mais” (Machado de Assis: “A mão e a luva”).
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Subst. Adj. Adn

Ë preciso ter cuidado para não confundir o adjunto adnominal dom o complemento nominal, uma vez que quando representado por locução adjetiva, o adjunto adnominal se apresenta com uma mesma estrutura do complemento nominal, ou seja, preposição + substantivo.
Os adjuntos adnominais são termos que se relacionam diretamente com o substantivo, por esse motivo, não emprega-se vírgula entre o adjunto e o substantivo.

“Os cabras fizeram finca-pé, gemendo.” (Rachel de Queiroz: “O Quinze”)

adj. adn. Subst.

Para aprofundar o estudo da pontuação com adjunto adverbial prende-se ao reduzido espaço e atenção que as gramáticas a manuais de português dedicam a esse assunto.
Entende-se que adjunto adverbial é o termo que modifica ou intensifica o sentido do verbo, do adjetivo ou do próprio advérbio, atribuindo-lhes ma circunstância. O adjunto adverbial recebe uma classificação semântica, ou seja, é classificado de acordo com a circunstância que acrescenta ao termo modificado.

“Quando, mais tarde, Vicente dormia, teve um sonho esquisito”. (Rachel de Queiroz: “O Quinze”)

Quanto a pontuação, emprega-se vírgula para isolar termos deslocados, principalmente adjuntos adverbiais, cuja posição normal é no fim da oração, para separar em geral adjuntos adverbiais que precedem o verbo e as orações adverbiais que vêm no meio da sua principal.

“Eu mesmo, até então, tinha-vos em má conta”. (M. de Assis: “Brás Cubas”)

Usa-se ainda, para isolar o adjunto adverbial deslocado (vírgula não obrigatória, mas aconselhada), advérbios ou adjuntos adverbiais podem ou não ser separados por vírgula , especialmente quando curtos ou constituídos de uma única palavra.
Quando mais longos, convém usar a vírgula, por questão de pausa ou clareza.

- “É melhor deixar você aqui, porque eu tenho de ir-me embora para São Paulo...” (Rachel de Queiroz: “O Quinze”)

Vocativo: um termo independente

A NGB exigiu que se situasse o vocativo dentro da oração e os gramáticos sentem dificuldade de fazê-lo. Macambira (1974, 349) tenta uma solução, distinguindo vocativo absoluto e relativo: o primeiro encontra-se “completamente solto sob o aspecto sintático”; o segundo “encontra na oração um termo a que se reporta, e que deve ser um pronome pessoal”.
O nome vocativo nos faz pensar em várias palavras ligadas à idéia de “chamar”,“atrair a atenção”, evocar convocar, evocação, vocação. Vocativo é justamente o nome do termo sintático que serve para nomear um interlocutor a que se dirige a palavra. É um termo independente: não faz parte nem do sujeito nem do predicado.
O vocativo deve ser sempre separado pôr vírgulas, qualquer que seja sua posição na frase.

- “Mamãe, disse ele, há de fazer-me o favor de mandar o chá ao meu quarto; o Estevão passa a noite comigo.” (Machado de Assis: “A mão e a luva”)

A melhor interpretação é entender vocativo como uma frase à parte. O vocativo é uma palavra frase, do tipo das frases de situação, em que o termo lingüístico liga-se diretamente a algo fora da linguagem.

Aposto: função substantivada da oração

Normalmente um substantivo subordinado a outro vem precedido de funcional e, isso não constitui função de substantivo. Há no entanto um caso em que a ligação entre os dois substantivos ocorre diretamente, sem o concurso do funcional. Essa diferença de comportamento obriga a que se considere a função assim instituída-a de aposto como sendo função de substantivo.
O aposto é um termo que amplia, explica, desenvolve ou resume o conteúdo de outro termo. O tempo a que o aposto se refere pode desempenhar qualquer função sintática. Sintaticamente, o aposto é equivalente ao termo com que se relaciona.

- “Mas esse sentimento, que pode ser e é honroso, não é decerto invencível.” (Machado de Assis: “A mão e a luva”)

O aposto é mais uma função substantiva da oração, tendo como núcleo um substantivo, um pronome ou numeral substantivo ou uma palavra substantivada. Pode-se classificar o aposto em: explicativo, enumerativo, recapitulativo e comparativo.
O aposto é separado do termo a que se refere por vírgulas ou dois pontos.
Há ainda o chamado aposto especificativo que, pôr não vir marcado por sinais de pontuação (dois pontos ou vírgulas), merece alguma atenção especial. Esse tipo de aposto é normalmente um substantivo próprio que individualiza um substantivo comum, prendendo-se a ele diretamente ou pôr meio de preposições.

Importância dos Sinais de Pontuação na Redação

Os sinais de pontuação servem para marcar pausas (a vírgula, o ponto-e-vírgula, o ponto) ou a melodia da frase (o ponto de exclamação, o ponto de interrogação, etc.). Geralmente, estão ligados à organização sintática dos termos na frase, eles são regidos por regras.

Vírgula

Ela marca uma pausa de curta duração e serve para separar os termos de uma oração ou orações de um período. A ordem normal dos termos na frase é: sujeito, verbo, complemento. Quando temos uma frase nessa ordem, não separamos seus termos imediatos. Assim, não pode haver vírgula entre o sujeito e o verbo e seu complemento.

Quando, na ordem direta, houver um termo com vários núcleos a vírgula será utilizada para separá-los.
Na fala de Madonna, a vírgula está separando vários núcleos do predicado na segunda oração. Ex.:'
A obscenidade existe e está bem diante de nossas caras. É o racismo, a discriminação sexual, o ódio, a ignorância, a miséria. Tem coisa mais obscena do que a guerra?'

Utilizamos a vírgula quando a ordem direta é rompida. Isso ocorre basicamente em dois casos:
- quando intercalamos alguma palavra ou expressão entre os termos imediatos, quebrando a seqüência natural da frase. Ex: Os filhos, muitas vezes, mostraram suas razões para seus pais com muita sabedoria.

“O que o galhofista queria é que eu, coronel de ânimo desenfreado, fosse para o barro denegrir a farda e deslustrar a patente”.

- quando algum termo (sobretudo o complemento) vier deslocado de seu lugar natural na frase. Ex.:'Para os pais, os filhos mostraram suas razões com muita sabedoria'.

'Com muita sabedoria, os filhos mostraram suas razões para os pais'.

Observa-se que quando se faz referência à possibilidade de virgular, na verdade se deve alargar, um pouco o conceito. Um adjunto adverbial entre vírgulas poderia estar entre travessões. Não é a mesma coisa, porque qualquer alteração no texto, por inocente que pareça ser, sempre provoca em maior ou menor grau alteração de sentido. O que se quer afirmar é que, nas mesmas bases do uso da vírgula, podem-se usar outros sinais de pontuação.

Ponto-E-Vírgula

O ponto-e-vírgula marca uma pausa maior que a vírgula, porém menor que a do ponto. Por ser intermediário entre a vírgula e o ponto, fica difícil sistematizar seu emprego. Entretanto, há algumas normas para sua utilização.

- usamos ponto-e-vírgula para separar orações coordenadas que já apresentem vírgula em seu interior;
- nunca use ponto-e-vírgula dentro de uma oração. Lembre-se ele só pode separar uma oração de outra.

'Com razão, aquelas pessoas reivindicavam seus direitos; os insensíveis burocratas, porém, em tempo algum, deram atenção a elas'.

“Os espelhos são usados para ver o rosto; a arte, para ver a alma.” Bernard Shaw

- o ponto-e-vírgula também é utilizado para separar vários incisos de um artigo de lei ou itens de uma lista. Ex:
[…] Considerando:
A) a alta taxa de juros;
B) a carência de mão-de-obra;
C) o alto valor de matéria-prima; […]

Dois Pontos

Os dois-pontos marcam uma sensível suspensão da melodia da frase. São utilizados quando se vai iniciar uma seqüência que explica, identifica, discrimina ou desenvolve uma idéia anterior, ou quando se quer dar início à fala ou citação de outrem.
Observe: (Percebeu? Vamos iniciar uma seqüência de exemplos, daí os dois pontos)

'Descobri a grande razão da minha vida: você'.
Já dizia o poeta: “Deus dá o frio conforme o cobertor”.'
Por descargo de consciência, do que não carecia, chamei os santos de que sou devocioneiro: - “São Jorge, Santo Onofre, São José!'

Aspas

As aspas devem ser utilizadas para isolar citação textual colhida a outrem, falas ou pensamentos de personagens em textos narrativos, ou palavras ou expressões que não pertençam à língua culta (gírias, estrangeirismos, neologismos, etc)

O rapaz ficou “grilado” com o resultado da prova.
Morava em um “flat” onde havia “playground”.


Travessão

O travessão serve para indicar que alguém fala de viva voz (discurso direto). Seu emprego é constante em textos narrativos em que personagens dialogam. Leia o texto abaixo:

-Salve!
- Como é que vai?
- Um ano, ou mais.

Pode se usar dois travessões para substituir duas vírgulas que separam termos intercalados, sobretudo quando se quer dar-lhes ênfase.
Pelé - o maior jogador de futebol de todos os tempos - hoje é um bem-sucedido empresário.

Reticências

As reticências marcam uma interrupção da seqüência lógica do enunciado, com a conseqüente suspensão da melodia da frase. São utilizadas para permitir que o leitor complemente o pensamento que ficou suspenso.
Nas dissertações objetivas, evite reticências.
Ex: 'Eu não vou dizer mais nada. Você já deve ter percebido que…'
“Num repente, relembrei estar em noite de lobisomem - era sexta-feira…”

Parênteses

Os parênteses servem para isolar explicações, indicações ou comentários acessórios. No caso de citações é referências bibliográficas, o nome do autor e as informações referentes à fonte também aparecem isolados por parênteses.

“Aborrecido, aporrinhado, recorri a um bacharel (trezentos mil-réis, fora despesas miúdas com automóveis, gorjetas, etc.) e embarquei vinte e quatro horas depois…” Graciliano Ramos

“Ela (a rainha) é a representação viva da mágoa…” Lima Barreto.

O ponto

É usado para marcar o término das orações declarativas. O ponto usado para marcar o final do texto é conhecido como ponto final.
Exemplo: 'Quando os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, Pero Vaz de Caminha escreveu uma carta ao rei D. Manuel na qual informava sobre o descobrimento'.

Exclamação

É usado no final dos enunciados exclamativos, que denotam espanto, surpresa, admiração.
Exemplo: Atenção!, Alô!, Bom dia!.


Interrogação

É usado ao final dos enunciados interrogativos.
Exemplo:
- Tudo bem com você?
- Tudo. E você?
- Tudo bem!

Os sinais de pontuação são marcas que o redator deixou no texto para orientar o leitor. Ler é captar essas marcas. Ë claro que os sinais de pontuação são apenas uma dessas marcas. Mas, sem dúvida, a pontuação exerce relevante papel como provocador de efeito de sentido, pois pontuações diferentes expressam significados diferentes e pontuações equivocadas induzem a interpretações distorcidas.

- “Há dois anos que nos não vemos, creio eu?” (Machado de Assis: “A mão e a luva”)
Há dois anos que não nos vemos creio eu.


Variação linguística para os textos

Ao redigir, observe que há linguagens diferentes, dependendo do assunto.


TIPOS DE LINGUAGENS

1 - literária => conotação/denotação

2-  culta => conotação/denotação

3 - metalingüística => definição da própria língua => explica como os textos são feitos. O assunto do texto é falar como o texto é feito

      Artística => um poeta falando como fazer um poema

     Técnica => explicar a importância de um dicionário

4 - científica => técnica e jurídica

5 - política => técnica

6 - religiosa => mística

7 -  coloquial => oralidade/falada,previsível,popular

8 - regional => caipira

9- jornalística => publicitária

  

DENOTAÇÃO

            DEFINIÇÃO LITERAL -  DDD ( definição direta dicionário)


CONOTAÇÃO


             Parte criativa do conceito/palavra - sentido figurado



Obs: texto com muita conotação é um texto artístico literário. Não se deve usar sentido conotativo na redação




Elementos da Redação

ELEMENTOS DISTINTOS


TÍTULO ->  nome a ser dado AO TEXTO. Deve ser escolhido após a escrita do texto. Deve haver coerência entre o título e a abordagem dissertativa. Não repetir palavras do tema. Colocar com outras palavras a idéia central do tema.

TEMA ->  proposta apresentada com exigências a serem cumpridas. A orientação temática para o texto.


ASSUNTO -> deve ser escolhido em face do tema apresentado. Não é vantajoso diversificar demais os assuntos, para não extrapolar o tema ou desviar-se dos objetivos do texto.  Há temas mais simples que podem ser abordados há partir de menos assuntos ( 02 ou 03 assuntos). Há temas complexos  que implicam maior quantidade de assuntos ( 05 ou 06) para a abordagem ser satisfatória.

Em face do tema complexo ( abrangente) é necessário restringir ( eleger/escolher)  os assuntos e procurar analisa-los  para garantir a coesão.

Exemplo de tema geral: “ A influência da mídia na comunicação moderna”

Assuntos a serem escolhidos ( no máximo dois)

 - televisão e comportamento do telespectador

- imprensa escrita formadora de opinião

- internet no comportamento empresarial

- jornalismo de rádio

- vendas a partir da televisão

- influência didática das telecomunicações
 

Escolher o assunto com cuidado. Na introdução, falar de modo geral e definir no 2º parágrafo qual o assunto a ser discorrido.

 - não se emite opiniões - linguagem formal

- usa-se a 1ª pessoa do plural ou 3ª pessoa do singular



Observamos.....            Observa-se

A 3ª pessoa é a tendência atual . Pode-se usar o gerúndio: “ Considerando a hipótese.....”



Redação: Narrativa, Descritiva e Dissertativa

Narrativa

1- É uma explanação detalhada sobre um acontecimento ou sobre uma série de fatos, ou seja, narrar é contar algo.

2-Existem várias formas de narrativas: contos, crônicas, parábolas entre outros. A narração engloba seis pontos:

a) O fato;

b) Os personagens envolvidos no fato;

c) Como o fato se deu;

d) Quando o fato se deu;

e) Porque o fato se deu;

f) As consequências do fato.

Esses seis pontos são exatamente o que envolve a narrativa jornalística. Aliás, que envolve o primeiro parágrafo das matérias de jornais, chamado de lead. São sempre as mesmas perguntas: o quê, onde, como, por que e quando. As consequências geralmente estão expostas no restante da matéria.


Descritiva  

Assim com a narração conta com certos detalhes um acontecimento, a descrição descreve objetos e pessoas. No entanto é mais do que uma simples fotografia. Os grandes textos descritivos dão uma visão nova daquilo que se vê todos os dias. Os poetas costumam produzir  grandes descrições. Por exemplo, descreva um pôr do sol e peça a um poeta para também descrevê-lo. Ele verá detalhes que você deixou de observar.

Dissertativa

1- desenvolve-se um tema sob os mais diversas aspectos. Ela é  baseada principalmente em uma análise e sempre expõem idéias.

2- Por estas características a dissertação é a menina dos olhos dos vestibulares. Que melhor maneira de saber se você domina um assunto da atualidade do que lhe colocando para escrever sobre ele?

3- No desenvolvimento da dissertação é necessário que você tenha raciocínio lógico. Eis a importância de você já estar informado sobre os aspectos que pode abordar sobre determinados assuntos. Você não pode esquecer que o tempo não é muito e dificilmente você terá o luxo de parar para pensar em diversos aspectos sobre o assu 

Atenção!

O raciocínio pode ser: 

a) indutivo: que é quando se utiliza experiências e observações para chegar a um princípio.

b) dedutivo: quando você parte de uma norma para um fato específico.

Vamos aos exemplos (dados imaginários).  

Indutivo

Pessoas idosas que praticam exercícios físicos vivem mais e melhor. (experiência)

93% dos idosos que praticam exercício físico tem 90% menos chances de um enfarte (experiência)

Os exercícios físicos proporcionam uma vida melhor e com menos chance de

infarto, (princípio)

Dedutivo


Para passar no vestibular é necessário estudar muito. (norma)  

Luciana passou no vestibular.


Luciana estudou muito e passou no vestibular. (fato específico).


Se este tipo de redação exige opinião, você não se deve fazer de rogado, opine dentro da coerência. Mas evite anunciar ao seu leitor que você irá opinar. Expressões como:

 "Na minha opinião"

"Eu acho"

"Creio eu"

"Acredito piamente"

Por favor, esqueça essas expressões na hora de escrever.

Simplesmente vá direto o assunto. Sem medo, dê sua opinião. No que diz respeito à formatação da dissertação, atente para os seguintes fatos simples, mas que os vestibulandos não prestam atenção. Quando estes tópicos não são cumpridos, em geral o professor nem corrige a prova:

 -> lembre-se de dar a MARGEM, no início dos parágrafos;

 - >uma dissertação tem no MÍNIMO três parágrafos.

 -> não destaque frases que você acha mais importantes, isso é uma

redação e não um trabalho escolar.

-> não esqueça do TÍTULO

-> NUNCA comece a dissertação com a mesma frase do título;

-> EVITE começar a dissertação com um verbo;

-> o tempo do verbo  deve ser um só. Se você começou a escrever no passado, não mude para o presente no caminho, a não ser que isto seja imprescindível.

-> é possível que o tema da redação não seja um assunto nacional e sim local. Fique  atento, desta forma, para os assuntos de seu Estado. Às vezes é possível misturar um com outro. Se o tema for a cassação que terminou em renúncia no Senado Federal e se caso semelhante houver acontecido com algum deputado estadual ou um vereador de sua área, a lembrança (citação) será muito bem vista. Não perca tempo!